C.S. Lewis: Do Ateísmo a Nárnia – Desvende a Mente Brilhante Por Trás da Magia

Você já se perguntou como um professor universitário cético, que passou anos duvidando da existência de Deus, poderia se tornar um dos maiores defensores da fé cristã e, ao mesmo tempo, criar um mundo mágico como Nárnia, que encanta gerações? Se o nome C.S. Lewis soa familiar, talvez pelas aventuras de Lúcia, Edmundo, Susana e Pedro, prepare-se: há muito mais a descobrir sobre esse gigante da literatura e do pensamento.

Clive Staples Lewis foi uma figura de muitas facetas: um acadêmico rigoroso, especialista em literatura medieval; um escritor de imaginação transbordante, capaz de criar universos fantásticos; e um pensador profundo que mergulhou nas grandes questões da vida – fé, razão, sofrimento, alegria. Sua jornada é tão fascinante quanto suas histórias.

Neste artigo, convidamos você a embarcar em uma viagem pela vida surpreendente de C.S. Lewis. Vamos explorar suas obras mais impactantes, desvendar as ideias que o moveram e entender por que, décadas após sua morte, ele continua a inspirar e provocar milhões de pessoas ao redor do mundo. Prepare-se para conhecer não apenas quem foi C.S. Lewis, mas por que sua voz ainda ecoa tão forte hoje.

Quem Foi C.S. Lewis? Uma Jornada Inesperada

A trajetória de C.S. Lewis está longe de ser comum. Marcada por perdas, guerras, amizades transformadoras e uma busca incessante por sentido, sua vida moldou profundamente a obra que o tornaria famoso.

Da Infância na Irlanda à Cátedra em Oxford

Nascido em Belfast, Irlanda (atual Irlanda do Norte), em 29 de novembro de 1898, Clive Staples Lewis cresceu em um lar com uma vasta biblioteca, onde a leitura se tornou seu refúgio e alimento para a imaginação. Ainda menino, aos três anos, decidiu que seria chamado de “Jack”, apelido que o acompanharia por toda a vida entre amigos e familiares. Sua infância, no entanto, foi marcada por uma perda dolorosa: a morte de sua mãe, Florence, quando ele tinha apenas dez anos. Esse evento o levou a se isolar ainda mais no mundo dos livros e da fantasia, um tema que ecoaria em suas futuras reflexões sobre a dor.  

Sua educação formal começou com tutores na Irlanda, mas logo foi enviado para internatos na Inglaterra, como o Malvern College. Essas experiências escolares não foram particularmente felizes para o jovem introvertido. Ainda assim, seu intelecto brilhava, e ele desenvolveu um interesse precoce por mitologia nórdica e grega, além de línguas clássicas. Em 1916, ingressou na prestigiosa Universidade de Oxford.  

A vida acadêmica, porém, foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial. Lewis serviu no exército britânico, experimentando os horrores das trincheiras no Vale do Somme. Foi ferido em batalha em 1918 e, durante o conflito, fez um pacto com um colega soldado, Paddy Moore: se um deles morresse, o outro cuidaria de sua família. Moore faleceu, e Lewis honrou sua promessa, cuidando da mãe e da irmã de Paddy por muitos anos, um fato menos conhecido que revela muito sobre seu senso de dever e caráter.  

A experiência da guerra e a perda precoce da mãe poderiam ter paralisado muitos, mas em Lewis, parecem ter coexistido com uma intensa pulsão intelectual e criativa. Ao invés de sucumbir ao trauma, ele retornou a Oxford após a guerra, graduou-se com honras e iniciou uma brilhante carreira acadêmica. Tornou-se professor e tutor no Magdalen College, em Oxford, de 1925 a 1954, e mais tarde, professor de Literatura Medieval e Renascentista no Magdalene College, em Cambridge. Essa complexa interação entre sofrimento pessoal e a busca por refúgio e exploração nos livros e ideias parece ter sido um motor fundamental em sua vida, gerando a tensão criativa que se manifestaria tanto em sua rigorosa análise acadêmica quanto na criação de mundos fantásticos onde temas como perda, sacrifício e esperança são centrais.  

A Conversão que Mudou Tudo

Apesar de ter sido criado na fé cristã anglicana, Lewis abandonou suas crenças na adolescência, tornando-se ateu. A dificuldade em conciliar um Deus bom e todo-poderoso com o sofrimento que via no mundo, incluindo a perda de sua mãe, foi um fator crucial nessa decisão. Por muitos anos, mesmo durante seu sucesso acadêmico inicial em Oxford, ele permaneceu um cético convicto.  

A reviravolta começou no final da década de 1920 e início dos anos 1930. Um grupo informal de amigos e colegas de Oxford, apaixonados por literatura e discussão, conhecido como “The Inklings”, desempenhou um papel vital. Entre eles estava J.R.R. Tolkien, o futuro autor de O Senhor dos Anéis. A amizade com Tolkien, um católico devoto, foi particularmente influente. Lewis descreveu como essa amizade o ajudou a superar antigos preconceitos, pois Tolkien pertencia a duas categorias que ele fora ensinado a desconfiar: católicos e filólogos.  

A conversão de Lewis não foi um raio em céu azul, mas um processo gradual, fortemente ancorado em debates intelectuais e relacionamentos significativos. Conversas noturnas com Tolkien e outros Inklings, como Hugo Dyson, o levaram primeiro a aceitar a existência de Deus (teísmo) por volta de 1929. Ele não chegou a essa conclusão por um desejo preexistente ou uma experiência puramente emocional, mas foi, em certo sentido, argumentado para a fé. Pouco depois, em 1931, deu o passo seguinte para o cristianismo, influenciado também pela leitura de autores como o apologista católico G.K. Chesterton, cujo livro O Homem Eterno lhe apresentou uma visão da história que fez sentido. Lewis descreveu a si mesmo como um “converso relutante”, alguém que entrou no cristianismo “chutando, lutando, ressentido”. Essa jornada lógica e filosófica explica muito da natureza argumentativa e racional de suas futuras obras de defesa da fé.  

Após sua conversão, Lewis permaneceu um membro dedicado da Igreja Anglicana (ou Igreja da Irlanda/Inglaterra), associado à ala conhecida como “Alta-Igreja”, que mantém práticas litúrgicas semelhantes às do catolicismo. Ele acreditava em conceitos como o Purgatório e praticava a confissão, embora nunca tenha se convertido ao catolicismo, para a decepção de seu amigo Tolkien. Sua fé recém-descoberta se tornaria a força motriz por trás de grande parte de sua escrita subsequente.  

Explorando Mundos: As Obras que Marcaram Gerações

A conversão de C.S. Lewis não apenas transformou sua vida pessoal, mas também redirecionou seu imenso talento literário. Ele passou a usar sua erudição e sua imaginação vibrante para explorar e comunicar as verdades de sua fé, criando obras que continuam a cativar leitores de todas idades e crenças.

Nárnia: Mais que Contos de Fadas

Sem dúvida, a obra mais conhecida de Lewis é a série de sete livros As Crônicas de Nárnia. Publicados entre 1950 e 1956, esses livros transportam os leitores para um mundo mágico acessado através de um guarda-roupa (no primeiro livro publicado, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa), habitado por animais falantes, criaturas mitológicas e governado pelo nobre leão Aslam.  

Embora escritos para crianças, os livros exploram temas profundos: a eterna luta entre o bem e o mal, a natureza do sacrifício e da redenção, a importância da fé, da coragem e da lealdade. Aslam, a figura central de Nárnia, é frequentemente visto como uma representação de Cristo – embora Lewis preferisse dizer que estava explorando uma “suposição”: como Cristo poderia ter se manifestado em um mundo como Nárnia. A série mescla elementos da mitologia clássica, nórdica e contos de fadas britânicos, criando um universo único e coeso. O último livro da série, A Última Batalha, recebeu o prestigioso Carnegie Award de literatura infantil no Reino Unido.  

Muitos se perguntam sobre a origem do nome “Nárnia”. Lewis, como estudioso de literatura clássica, provavelmente encontrou referências a uma antiga cidade italiana chamada Narni (Narnia em latim) e usou o nome como uma homenagem.  

Cristianismo Puro e Simples: Fé Explicada para Todos

Se Nárnia representa a imaginação de Lewis a serviço da fé, Cristianismo Puro e Simples (originalmente Mere Christianity) mostra sua razão trabalhando com o mesmo objetivo. O livro teve origem em uma série de palestras que Lewis deu na rádio BBC durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de levar esperança e clareza sobre a fé cristã a um público amplo e diverso.  

O objetivo de Lewis não era defender uma denominação específica, mas apresentar os fundamentos essenciais e comuns a todos os cristãos – o “puro e simples” cristianismo. Ele começa argumentando a partir da existência de uma lei moral universal (que ele chama de “Tao” ou Lei da Natureza Humana), percebida por pessoas de diferentes culturas, como uma evidência para a existência de um Legislador Moral (Deus). A partir daí, ele explora a natureza humana, as doutrinas centrais do cristianismo (como a Trindade e a encarnação de Cristo) e as implicações práticas da fé na vida diária.  

Escrito em linguagem clara, lógica e acessível, Cristianismo Puro e Simples é frequentemente recomendado como um excelente ponto de partida para quem está explorando a fé cristã pela primeira vez ou para aqueles que desejam entender melhor o pensamento de Lewis.  

Outras Obras Essenciais (Ficção e Não-Ficção)

A produção literária de Lewis é vasta e diversificada. Além de Nárnia e Cristianismo Puro e Simples, algumas outras obras se destacam:

  • Cartas de um Diabo a seu Aprendiz (1942): Uma obra satírica brilhante, escrita como uma série de cartas de um demônio experiente, Screwtape, instruindo seu sobrinho incompetente, Wormwood, sobre as melhores formas de tentar um humano e afastá-lo da fé. Com humor ácido e profunda percepção psicológica, Lewis explora a natureza da tentação, as fraquezas humanas e a realidade da guerra espiritual. O livro foi um sucesso imediato.  
  • Trilogia Cósmica (1938-1945): Composta por Além do Planeta Silencioso, Perelandra e Aquela Força Medonha, esta série de ficção científica leva o leitor a viagens interplanetárias, mas seu cerne é teológico. Lewis explora temas como pecado original, redenção, a luta cósmica entre o bem e o mal, e a natureza da humanidade em um cenário espacial.  
  • Obras sobre Sofrimento: Lewis abordou a difícil questão do sofrimento de duas maneiras distintas. Em O Problema do Sofrimento (1940), ele oferece uma defesa filosófica e teológica da bondade de Deus diante da dor. Anos mais tarde, após a morte de sua esposa, Joy Davidman, ele escreveu Anatomia de uma Dor (1961), um relato visceralmente honesto e pessoal de seu próprio luto, dúvidas e luta para manter a fé em meio à perda devastadora.  
  • Surpreendido pela Alegria (1955): Sua autobiografia espiritual, narrando sua jornada intelectual e emocional desde a infância, passando pelo ateísmo, até sua conversão ao cristianismo. O título refere-se a um anseio profundo que ele perseguiu por toda a vida.  
  • Outras Obras Notáveis: Incluem O Grande Abismo (uma alegoria sobre o Céu e o Inferno), Os Quatro Amores (uma análise das diferentes formas de amor), A Abolição do Homem (uma crítica filosófica ao relativismo moral e à educação moderna) e Milagres (uma defesa da possibilidade de intervenções sobrenaturais).  

Guia Rápido para as Obras de C.S. Lewis

Com tantas opções, por onde começar? A tabela abaixo pode ajudar a navegar pelas principais obras de Lewis:

Título da ObraGêneroPúblico PrincipalTemas ChavePor Onde Começar?
As Crônicas de NárniaFantasia, Infantil/Juvenil, AlegoriaCrianças, Jovens, AdultosBem vs. Mal, Fé, Sacrifício, Redenção, CoragemSim
Cristianismo Puro e SimplesApologética Cristã, Não-FicçãoIniciantes na fé, Céticos, Cristãos em geralLei Moral, Existência de Deus, Doutrina Cristã, ÉticaSim
Cartas de um Diabo a seu AprendizSátira, Teologia, Não-Ficção (Epistolar)Cristãos, Interessados em natureza humana/tentaçãoTentação, Pecado, Guerra Espiritual, Psicologia HumanaSim
Trilogia CósmicaFicção Científica, Teologia, FantasiaFãs de FC, Interessados em teologia/filosofiaPecado, Redenção, Bem vs. Mal Cósmico, Natureza Humana, Ciência vs. FéTalvez
O Problema do SofrimentoTeologia, Filosofia, Não-FicçãoInteressados em teodiceia, Quem questiona o sofrimentoSofrimento, Mal, Bondade de Deus, Livre ArbítrioTalvez
Surpreendido pela AlegriaAutobiografia, Espiritualidade, Não-FicçãoInteressados na vida de Lewis, Buscadores espirituaisConversão, Ateísmo, Fé, Busca por Alegria (Sehnsucht), Influências IntelectuaisTalvez

As Grandes Ideias de Lewis: Razão, Fé, Dor e Alegria

Além de suas histórias cativantes, C.S. Lewis deixou um legado de ideias profundas que continuam a desafiar e inspirar. Ele não temia abordar as questões mais difíceis da existência humana, sempre buscando integrar fé, razão e experiência.

Razão e Imaginação: Aliadas da Fé?

Para muitos, razão e fé parecem caminhos opostos. Lewis, no entanto, via-as como aliadas indispensáveis na busca pela verdade. Ele acreditava que a razão era um guia confiável para entender o mundo e os argumentos a favor da fé, enquanto a imaginação era o veículo que nos permitia captar o sentido e a beleza por trás da lógica. Ele mesmo disse: “Eu acredito no Cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor”. A fé, para ele, iluminava todo o resto.  

Lewis criticava fortemente o anti-intelectualismo que via em alguns círculos religiosos, defendendo a importância da argumentação honesta e do debate de ideias. Sua própria conversão foi, em grande parte, um processo intelectual. Mas ele também reconhecia os limites da razão pura. Em sua visão, a imaginação não era apenas um meio de criar entretenimento ou escapismo, mas uma ferramenta cognitiva essencial. Através de histórias, mitos e alegorias (como Nárnia), a imaginação poderia nos ajudar a apreender verdades morais e espirituais profundas de uma forma que a lógica sozinha talvez não conseguisse, tornando conceitos abstratos em experiências concretas e emocionalmente ressonantes. Ele valorizava a imaginação como um modo legítimo de conhecer a realidade em sua plenitude.  

Entendendo o Sofrimento: A Dor como Megafone de Deus

Como alguém que perdeu a mãe na infância, lutou na guerra e viu sua esposa morrer de câncer, Lewis conhecia o sofrimento intimamente. O “problema do mal” – como pode um Deus bom permitir tanta dor? – foi um tema constante em sua vida e obra.  

Ele não oferecia respostas fáceis, mas argumentava que o sofrimento, embora terrível, poderia ter um propósito redentor. Em um mundo onde muitas vezes estamos surdos aos sussurros de Deus em meio ao conforto e à prosperidade, a dor pode funcionar como um “megafone” para despertar nossa atenção. O sofrimento destrói nossas ilusões de autossuficiência e pode nos forçar a confrontar a realidade de nossa dependência de algo maior. Em O Problema do Sofrimento, ele aborda a questão de forma filosófica, explorando ideias como o livre-arbítrio e o valor que a dor pode ter no aperfeiçoamento do caráter. Já em Anatomia de uma Dor, ele expõe sua própria luta crua e honesta com Deus após a morte de Joy, mostrando que a fé não elimina a dor, mas pode coexistir com ela.  

A Busca pela Alegria (Sehnsucht): Um Anseio por Outro Mundo

Um dos conceitos mais distintivos no pensamento de Lewis é o que ele chamou de “Joy” (Alegria). Não se trata de mera felicidade ou prazer, mas de um anseio intenso, quase doloroso, por algo belo, transcendente e indefinível. Ele descreveu essa sensação, que experimentou desde a juventude ao ler mitos nórdicos ou contemplar paisagens, como uma espécie de “nostalgia” por um lugar desconhecido.  

Lewis chegou a interpretar essa experiência universal (ou quase universal) de Sehnsucht (termo alemão para esse tipo de anseio) não como uma simples emoção passageira, mas como uma pista fundamental sobre nossa natureza e destino. Ele argumentou que, assim como a fome aponta para a existência de comida e a sede para a água, esse desejo profundo por algo que nada na Terra pode satisfazer plenamente sugere que fomos feitos para outro mundo. “Se eu descubro em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer”, escreveu ele, “a única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo”. Para Lewis, essa “Alegria” era uma evidência experiencial que apontava para a realidade de Deus e do Céu, o lar para o qual nossa alma anseia. Não à toa, ele intitulou sua autobiografia Surpreendido pela Alegria.  

O Legado de C.S. Lewis: Por Que Ele Ainda Importa?

Mais de meio século após sua morte (em 22 de novembro de 1963, curiosamente no mesmo dia do assassinato de John F. Kennedy e da morte de Aldous Huxley ), o impacto de C.S. Lewis continua a ser sentido de forma profunda e abrangente.  

Impacto Cultural e Intelectual

Lewis deixou uma marca indelével tanto na literatura quanto no pensamento cristão. Suas Crônicas de Nárnia se tornaram clássicos da literatura infantil, adaptadas para cinema e televisão, continuando a vender milhões de cópias e a capturar a imaginação de novas gerações. No campo da apologética, obras como Cristianismo Puro e Simples e Cartas de um Diabo a seu Aprendiz permanecem como textos fundamentais para muitos cristãos e como pontos de entrada acessíveis para céticos.  

Sua habilidade única de combinar rigor intelectual com clareza e imaginação permitiu que ele comunicasse ideias complexas de forma envolvente para um público vasto, transcendendo barreiras acadêmicas e religiosas. Ele se tornou um dos autores mais citados do século XX, influenciando inúmeros escritores, teólogos e pensadores. Sua vida pessoal, especialmente seu relacionamento tardio e casamento com a escritora americana Joy Davidman, também capturou o interesse público, sendo retratada no aclamado filme Shadowlands (Terra das Sombras).  

Relevância Hoje: Lições para o Século XXI

O que torna Lewis tão relevante ainda hoje? Talvez seja o fato de que muitas das questões culturais e filosóficas que ele abordou décadas atrás se tornaram ainda mais prementes no século XXI. Em obras como A Abolição do Homem, Lewis alertou sobre os perigos de um sistema educacional e uma cultura que abandonam valores morais objetivos em favor do relativismo e do subjetivismo. Ele criticou a tendência de reduzir a realidade apenas ao que pode ser medido pela ciência (cientificismo) e previu que isso poderia levar à “abolição do homem” – a perda daquilo que nos torna verdadeiramente humanos.  

Essas preocupações ecoam fortemente nos debates atuais sobre ética na tecnologia, inteligência artificial, pós-verdade e a crise de sentido no mundo ocidental. Lewis surge não apenas como um defensor do cristianismo, mas como um crítico cultural perspicaz, cujas análises sobre as consequências de certas visões de mundo parecem proféticas. Sua insistência na integração entre fé, razão e imaginação oferece um contraponto valioso a um mundo muitas vezes fragmentado. Sua abordagem honesta sobre o sofrimento e sua constante busca por uma “Alegria” transcendente continuam a oferecer consolo e esperança para aqueles que buscam sentido em meio às dificuldades da vida.  

Perguntas Frequentes sobre C.S. Lewis (FAQ)

A vida e obra de C.S. Lewis despertam muita curiosidade. Aqui estão algumas perguntas comuns:

  • Lewis realmente perdeu a fé após a morte da esposa, Joy? Não há evidências de que Lewis tenha abandonado sua fé. Embora seu livro Anatomia de uma Dor expresse questionamentos profundos e uma dor lancinante após a morte de Joy, ele representa uma luta honesta dentro da fé, não uma rejeição dela. Ele continuou a escrever e a viver como cristão até sua morte.  
  • Qual o significado por trás de Nárnia? É apenas uma história infantil? O nome “Nárnia” provavelmente vem de uma antiga cidade italiana, Narni. Embora escritos para crianças, os livros são ricos em simbolismo e alegoria cristã (como Aslam representando Cristo), explorando temas adultos como sacrifício, traição, redenção e a natureza do bem e do mal. Definitivamente, não são apenas histórias infantis.  
  • Qual era a relação de C.S. Lewis com J.R.R. Tolkien? Eram sempre amigos? Eles tiveram uma amizade profunda e intelectualmente estimulante, especialmente nos anos dos Inklings. Tolkien foi fundamental na conversão de Lewis. No entanto, a amizade teve suas tensões, especialmente mais tarde, devido a diferenças literárias, teológicas (Lewis permaneceu anglicano, Tolkien era católico) e, segundo alguns relatos, o casamento de Lewis com Joy Davidman.  
  • Por onde devo começar a ler C.S. Lewis? Depende do seu interesse! Para fantasia e uma introdução geral ao seu mundo imaginativo, comece com O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (o primeiro livro de Nárnia publicado). Para entender seus argumentos sobre a fé cristã de forma clara e lógica, Cristianismo Puro e Simples é ideal. Se prefere uma abordagem satírica e psicológica, Cartas de um Diabo a seu Aprendiz é uma ótima escolha. A tabela acima também pode ajudar a decidir.  
  • C.S. Lewis era católico? Não. C.S. Lewis foi membro da Igreja da Irlanda e, posteriormente, da Igreja da Inglaterra (ambas anglicanas) por toda a sua vida após a conversão. Embora fosse amigo próximo de católicos como Tolkien e mantivesse algumas crenças e práticas (como a crença no Purgatório e a confissão) que alguns associam mais à “Alta Igreja” anglicana ou ao catolicismo, ele nunca se converteu ao catolicismo romano.  

Quer se Aprofundar? Dicas de Leitura

Se esta introdução despertou seu interesse em C.S. Lewis, aqui ficam duas sugestões de leitura para ir além:

🕊️ O Problema do Sofrimento — C.S. Lewis

Uma reflexão profunda sobre o paradoxo do sofrimento num mundo criado por um Deus benevolente, com a clareza e profundidade características de Lewis.
👉 Compre agora na Amazon
📖 192 páginas | Editora Thomas Nelson

🪐 Trilogia Cósmica — C.S. Lewis

A clássica trilogia de ficção científica de Lewis, explorando temas cósmicos e teológicos em três romances extraordinários.
🚀 Adquirir coleção completa
📖 3 livros em 1 | Editora Thomas Nelson

😈 Cartas de um Diabo a seu Aprendiz — C.S. Lewis

Uma obra-prima de sátira teológica, mostrando as artimanhas espirituais através das cartas de um diabo veterano ao seu sobrinho aprendiz.
✉️ Descubra esta obra única
📖 176 páginas | Editora Thomas Nelson

✝️ Cristianismo Puro e Simples — C.S. Lewis

A mais acessível e influente explicação da fé cristã, com a genial capacidade de Lewis de tornar complexidades teológicas compreensíveis.
🌟 Leitura essencial
📖 256 páginas | Editora Thomas Nelson

🦁 BOX As Crônicas de Nárnia — C.S. Lewis

A completa e encantadora coleção dos sete livros que compõem o mundo mágico de Nárnia, uma das maiores obras da literatura fantástica.
🏰 Leve para Nárnia
📖 7 livros | Editora HarperCollins

    Conclusão e Próximos Passos

    C.S. Lewis foi, sem dúvida, um gigante. Um homem cuja jornada pessoal do ceticismo mais convicto à fé profunda e articulada resultou em um legado literário e intelectual que continua a desafiar, consolar e encantar leitores em todo o mundo. Seja através das terras mágicas de Nárnia, dos argumentos lógicos de Cristianismo Puro e Simples, ou das reflexões honestas sobre a dor e a alegria, sua voz ressoa com uma clareza e relevância impressionantes. Ele nos lembra da importância de usar tanto a razão quanto a imaginação para explorar as grandes questões da vida e nos convida a olhar além do óbvio, em busca de um sentido mais profundo.  

    Gostou de conhecer mais sobre C.S. Lewis? Compartilhe suas ideias e livros favoritos dele nos comentários abaixo! Adoraríamos saber qual aspecto da vida ou obra dele mais intrigou você.

    Se este mergulho na vida e obra de Lewis foi útil, que tal compartilhá-lo com seus amigos nas redes sociais? Ajude outras pessoas a descobrirem esse autor fascinante!

    Continue explorando figuras marcantes e ideias que moldaram nosso mundo em outras seções do nosso site. Há muito mais para descobrir na Enciclopédia do Mundo!

    E não se esqueça de nos seguir no Instagram @enciclopedia.do.mundo para mais conteúdos inspiradores como este!

    Telegram
    WhatsApp
    Facebook

    Uma resposta

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Últimas Postagens

    plugins premium WordPress